Friday, July 30, 2010

Percepções Americanas




A primeira coisa que o governador Joe Manchin III (camisa avermelhada), de West Virginia, nos Estados Unidos, perguntou, dirigindo-se a mim, foi se o Brasil se mantinha estável, tanto no aspecto econômico quanto político. Eu comentei sobre nossas próximas eleições e apresentei minhas percepções sobre os rumos políticos e econômicos de nosso país, pós-eleições. Estávamos em uma recepção no final de julho na cidade de Charleston e ele disse que concorreria ao Senado, já que com o falecimento de Robert C. Byrd surgira uma vaga para seu Estado. Joe tem uma notável aprovação de mais de 80%, algo que em tempos de crise nos Estados Unidos é admirável. Enfim, um segundo mandato tão bem sucedido quanto o primeiro. Ele é um democrata “grassroots” como se diz por lá. Simples, apaixonado pelo seu Estado e competente.
Mas o que gostaria de comentar nesse texto é a questão do financiamento de campanha e a importância do dinheiro nas eleições. Joe ponderava que seu adversário, riquíssimo, teria mais chances de vencer pelo dinheiro disponível para campanha. Tão importante quanto as caminhadas em busca de votos são as reuniões, jantares e eventos de “fund raising”. É preciso ser bom, mas ter dinheiro é fundamental. Se resolver candidatar-se ao Senado Joe terá que vencer pelo carisma, pelo exemplo de sua gestão à frente do Governo e pelo envolvimento dos amigos em sua campanha. Será uma batalha desafiadora. Torço por ele, um democrata realizador. Aqui no Brasil a questão do gasto em campanha também pode ser determinante. Assim, tanto lá quanto aqui essa questão tem que ser discutida e avaliada. Os jornais sinalizam que serão utilizados mais de R$ 40 milhões na campanha presidencial, por exemplo. Bons candidatos nem se atrevem a concorrer a mandatos políticos pela insuficiência de recursos financeiros.
Na vida real, no dia a dia das pessoas, a economia norte-americana está frágil. Grandes lojas estão com resultados negativos, estudantes não pagam seus empréstimos utilizados para pagar cursos universitários, empregos estão escassos e o país busca saídas estratégicas. Vi muitos carros híbridos, por exemplo. A dependência da gasolina como combustível automotivo tem seus dias contados e energias alternativas serão novas fontes de alimentação do setor produtivo de forma geral. As pesquisas científicas se expandem e a academia (Universidades e Instituições de Ensino) busca a renovação em seus programas e conteúdos de estudos. A ciência, de forma articulada, como solução para a economia.
Andy (camisa amarela) é um ministro da Suprema Corte aposentado. Na tarde quente, no deck à beira do rio, inclinou-se no confortável sofá e disse para mim: “Antonio, o nosso maior erro foi dar mais atenção ao Oriente Médio que à America Central e do Sul. Precisamos rever nossa política externa!” Eu não só concordei como apresentei dados que indicam um forte crescimento da China e Índia nessas regiões. E ambos são bem mais agressivos e predadores que os EUA em termos de comércio global. Fazem dumping social e econômico, além de desrespeitarem, muitas vezes, questões ambientais gravíssimas.
Depois de boa conversa, bons vinhos e deliciosa torta de maçã, despedimo-nos e seguimos nossas vidas em direção aos nossos desafios. Eles lá, eu aqui, até um novo encontro. Em breve.

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