Saturday, July 10, 2010

Just LIke a Wooman


Uma das coisas que mais me impressionou, lá nos meus 20 e poucos anos de idade, foi ouvir o som de Richie Havens cantando "Just Like a Wooman" de Bob Dylan. Foi assim impressionante. Uma voz gutural, um violão marcado pelo toque rápido, ríspido, sonoro e gentil ao mesmo tempo. Pois bem, alguns anos depois eu estava em New York e recebi um flyer divulgando que ele estaria se paresentando no Lincoln Center. Eu já havia programado vários compromissos musicais naquela semana, mas logo arranjei uma maneira de ir vê-lo e ouvi-lo.


Era uma noite linda, com NYC toda iluminada, seus neons reluzindo em uma miríade de cores e seus taxis amarelando suas ruas enumeradas. O vapor do metrô subia pelas calçadas lembrando Marilyn. E lá fui eu em direção ao passado, ao que ouvira algum tempo atrás.

A sala ainda estava vazia quando cheguei. Comprei um lugar bem próximo ao músico para ver suas feições, a expressão de seu rosto ao contar a estória da música. Logo as cadeiras foram sendo ocupadas e pessoas que talvez quizessem lembrar algo estavam por lá. Outros, apenas saber como seria ouvi-lo ao vivo.


As luzes diminuem e um negro alto, magro e forte, cavanhaque longo, bata branca, esguio como uma nota musical, entra no palco. Seu violão traz as marcas do tempo arranhadas em seu corpo, apesar da proteção dupla, pelo deslizar das paletas de madeira que gostava de usar ao tilintar suas cordas. Tocou muitas músicas imperdíveis até chegar o momento da que eu esperava. E lá então fiquei eu, de frente para os meus vinte e poucos anos, ao som inconfundível da voz e do violão de Richie Havens.

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