Thursday, May 13, 2010

Coronelismo Planaltino


Definitivamente eu não entendo a política brasileira. Melhor para mim, pior para a política brasileira. Isso atesta a existência de minha inteligência e em que nível ela esteja. E pode atestar ainda que o eleitor fique sem boas alternativas, sem opções de escolha. Também, pode confirmar a tese de que o voto não deve ser obrigatório, como insinuou certa vez o Pelé. Sinceramente, ler jornais e ouvir noticiários em que Serra aparece elogiando excessivamente Lula e Dilma chega a ser constrangedor. Há um medo monolítico de fazer oposição aberta. De ser uma alternativa clara e incisiva. Tudo agora recebe o nome de inteligência política, de competência estratégica. Contraposição que é bom mesmo, nada. E o eleitor fica sem modelos comparativos para escolher e decidir o voto. Eleições recentes na Inglaterra e nos EUA mostram como fazer política de verdade. Como assumir posições e defende-las. Republicanos e Democratas, Progressistas e Conservadores permitem escolhas e expectativas. Aqui, vai à negociação mesmo. Quem dá mais, recebe mais. É dando que se recebe.
Por pior que tenha sido e inaceitável que tenha existido, até no regime ditatorial houve ARENA e PMDB. O voto tinha o sangue, o suor e as lágrimas dos brasileiros, parafraseando Churchill. Agora, tudo parece ser a mesma coisa. Os candidatos vivem acompanhando pesquisas e moldando suas ações e comentários de acordo com esses números. Comportam-se estatisticamente. Muitos candidatos vivem de lágrimas e sorrisos infláveis. A gíria popular chama isso de “melosquência”. E retribui da mesma forma para o “bem geral” da Nação. Nem tudo acaba em samba, mas quase tudo acaba em pagode. Chuva, suor e cerveja, parafraseando Caetano. Aqui no Estado as coisas se reproduzem tal qual o cenário nacional. Apenas uma candidata ao governo destoa dessa ópera em falsetes. Uma estranha no ninho, mas não tem o desempenho de um Jack Nicholson. O que é interessante é que a eleição é aqui, mas as reuniões decisivas são feitas em Brasília. E esse, atualmente, não parece ser o melhor ambiente para se fazer alguma coisa. Principalmente, política.
Lideranças políticas regionais, municipais e empresariais recebem “ordens” para eleger esse ou aquele candidato. É até aceitável haver uma diretriz, mas definir o operacional sugere descaso com forças locais. O “Coronelismo” agora está no Planalto Central. A Casa Grande. O Espírito Santo não pode se deixar rebaixar a condição de “cupincha” eleitoral, de Senzala. Tem que honrar sua tradição histórica, de luta, de valorização do eleitor capixaba e da construção de um futuro independente, apesar de integrador; propositivo, apesar de agregador; e ético, apesar de conciliador.

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