O resultado
dos exames mostra que as escolas particulares têm um desempenho muito superior
ao das escolas públicas. Essa constatação ocorre também, em menor escala, em
muitos outros países. Inclusive, em países ricos e desenvolvidos como os
Estados Unidos. Pessoalmente, tive a oportunidade de levar alunos brasileiros,
de escolas públicas, para conhecer escolas norte americanas, também públicas, e
puderam ver que nem todas são muito boas. Mas, puderam ver também que há um
esforço muito grande em fazer com que sua grande maioria ofereça ensino de
qualidade. Nem que para isso levem muito tempo e tenham que vencer opiniões
contraditórias, eventualmente existentes. Meus dois filhos, Laura e Victor,
estudaram o primeiro ano escolar em escola pública na cidade de Auburn, New York, quando lá moramos por
um tempo.
Mantida com
recursos públicos a escola – Herman Elementary
School – tinha um bom padrão de ensino, transporte escolar muito eficiente,
mesmo quando a neve castigava, e oferecia uma alimentação elaborada por
nutricionista, cujo cardápio diário era divulgado mensalmente. O seu modelo de
gestão pedagógica incluía a participação dos pais e mães dos alunos e alunas,
em uma sinérgica associação com os professores. É o que chamam de PTA – parents and teachers association. A
gestão financeira previa a participação de doações voluntárias, tanto de
empresários quanto de pessoas físicas. Tudo com muita transparência.
Na parte
cultural, aqui entendida como valores, hábitos e crenças da região, todos os
dias as aulas só começavam depois que todos os alunos, em suas respetivas salas,
cantavam o hino norte-americano e rezavam o Pai Nosso. O hino que cantavam – My Country, ‘tis of thee - tem uma percepção patriótica muito forte e
precede o que viria a ser o hino oficial – God
Save the Queen, em 1931. No hino que cantavam a valorização da conquista
pela liberdade é latente. Uma mistura de
patriotismo, liberdade e religião. E sempre, uma bandeira nacional em cada sala
de aula.
Hoje, para
muitos brasileiros isso pode parecer estranho, doutrinário demais. Mas o Brasil
já foi assim. As escolas eram quase que centros cívicos. Além de estudantes, formavam
pessoas, cidadãos e cidadãs. Uma disciplina, Educação Moral e Cívica, de muita
importância, ficou contaminada pela sua vinculação com a crítica de disseminação
dos princípios da ditadura militar que o país viveu a partir de 1964. E caiu no ostracismo.
Vamos torcer
para que exemplos como a Escola Viva, aqui no Espírito Santo, prosperem e que
tenham o espírito Schumpeteriano da Destruição Criativa. Recriem, refaçam e revivam
um conceito de escola que construa cidadãos e cidadãs. E não apenas, meros
aprendizes.
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