Wednesday, October 05, 2016

Escola Viva


O resultado dos exames mostra que as escolas particulares têm um desempenho muito superior ao das escolas públicas. Essa constatação ocorre também, em menor escala, em muitos outros países. Inclusive, em países ricos e desenvolvidos como os Estados Unidos. Pessoalmente, tive a oportunidade de levar alunos brasileiros, de escolas públicas, para conhecer escolas norte americanas, também públicas, e puderam ver que nem todas são muito boas. Mas, puderam ver também que há um esforço muito grande em fazer com que sua grande maioria ofereça ensino de qualidade. Nem que para isso levem muito tempo e tenham que vencer opiniões contraditórias, eventualmente existentes. Meus dois filhos, Laura e Victor, estudaram o primeiro ano escolar em escola pública na cidade de Auburn, New York, quando lá moramos por um tempo.
Mantida com recursos públicos a escola – Herman Elementary School – tinha um bom padrão de ensino, transporte escolar muito eficiente, mesmo quando a neve castigava, e oferecia uma alimentação elaborada por nutricionista, cujo cardápio diário era divulgado mensalmente. O seu modelo de gestão pedagógica incluía a participação dos pais e mães dos alunos e alunas, em uma sinérgica associação com os professores. É o que chamam de PTA – parents and teachers association. A gestão financeira previa a participação de doações voluntárias, tanto de empresários quanto de pessoas físicas. Tudo com muita transparência.
Na parte cultural, aqui entendida como valores, hábitos e crenças da região, todos os dias as aulas só começavam depois que todos os alunos, em suas respetivas salas, cantavam o hino norte-americano e rezavam o Pai Nosso. O hino que cantavam – My Country, ‘tis of thee -  tem uma percepção patriótica muito forte e precede o que viria a ser o hino oficial – God Save the Queen, em 1931. No hino que cantavam a valorização da conquista pela liberdade é latente.  Uma mistura de patriotismo, liberdade e religião. E sempre, uma bandeira nacional em cada sala de aula.
Hoje, para muitos brasileiros isso pode parecer estranho, doutrinário demais. Mas o Brasil já foi assim. As escolas eram quase que centros cívicos. Além de estudantes, formavam pessoas, cidadãos e cidadãs. Uma disciplina, Educação Moral e Cívica, de muita importância, ficou contaminada pela sua vinculação com a crítica de disseminação dos princípios da ditadura militar que o país viveu a partir de 1964.  E caiu no ostracismo.

Vamos torcer para que exemplos como a Escola Viva, aqui no Espírito Santo, prosperem e que tenham o espírito Schumpeteriano da Destruição Criativa. Recriem, refaçam e revivam um conceito de escola que construa cidadãos e cidadãs. E não apenas, meros aprendizes.

No comments: