Eu prometi comentar um pouco mais sobre Baaria, filme do estético Giuseppe Tornatore. O filme e a condução de Tornatore me pareceram algo assim como se Vermeer, o genial pintor holandês, resolvesse pintar o muro de sua casa; Einstein gastasse tempo em escrever um livro de aritmética para alunos de alfabetização; e Gates resolvesse brincar de Pacman. Tornatore fez uma pequena obra prima pouco comercial. O filme é longo, autobiográfico em grande parte, complexo e rico em detalhes. Sim, ele pode se dar esse luxo. Que se danem as bilheterias. Eu quero fazer arte deve ter pensado ele. Bob Dylan fez isso com “Like a Rolling Stone”, uma música muito acima dos tradicionais três minutos para tocar nas rádios. Um prêmio a si mesmo. Um capricho pessoal.
Eu já vi o filme duas vezes e a cada hora descubro mensagens subliminares fantásticas. O filme nos faz sonhar, lembrar da infância, principalmente a dos descendentes de italianos. Em “Era uma vez na América”, Leone usou o som de um telefone tocando para conectar épocas. Tornatore usou uma pessoa negociando dólares.
Para mim, uma das cenas mais significativas é aquela em que Terranuova se despede do filho na estação de trem. Ele deve ter lembrado de quando se despediu do pai e da mãe para ser pastor. Mas agora a vida é diferente. Sabe que não existem mais os ideais, que tudo é uma questão de inserção mercadológica.Que o capitalismo é implacável.
Recentemente estive na Itália e andei por muitas cidades pequeninas. Na próxima vez vou a passar em Bagueria, ou Baaria como diz o filme.
Vi em Blu-ray. A qualidade é muito superior. E a expressão artística de Tornatore, inesquecível.
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