Kamikazes

Próximo ao fim da segunda grande guerra mundial os japoneses criaram a idéia dos Kamikazes. Destemidos aviadores que pilotavam aviões em direção aos seus alvos, navios ao mar, principalmente. Uma tentativa final de evitar a derrota, ou honrá-la segundo sua secular cultura. Luiz Paulo parece ter se inspirado nesses combatentes. Lança-se arrojadamente sobre seu alvo, o primeiro colocado, Casagrande. Mas erra a mira telescópica ao envolver o PT. Em outros tempos os militantes petistas aliados de Casagrande, face às graves denúncias, migrariam para Brice, deixando a campanha do representante de um governo que permite admitir que não foi bem na saúde e na educação, ou melhor, no eixo social, sendo essa a grande bandeira petista. Mas o discurso de Brice é o do PT de anos atrás. O de hoje prefere se agasalhar no manto das benesses de um governo forte, competitivo e implacável como o de Hartung.

Assim, quanto mais Luiz Paulo ataca o PT, mais voto recebe Casagrande – pelo oportunismo – e mais voto pode receber Brice pela velha guarda do PT. Uma sangria dupla. O Deputado Federal talvez fosse o único que tivesse boas condições de atacar o Governo Hartung – no sentido da lide política – sem ofendê-lo ou protagonizar rancores. Tem total condição de fazer isso com propostas e críticas sinceras. Conhece bem a gestão pública, teve inúmeros amigos e correligionários em funções estratégicas do atual governo e domina as técnicas necessárias para uma boa gestão pública. Não sei sob qual orientação ou se por vontade própria lançou-se, como um Kamikaze, sobre o PT e a Administração de Vitória. Poupou Hartung que só lhe deu linha empinando a pipa para depois deixá-la cair em um terreno baldio (menos de 15% é quase isso), quando anunciou o apoio a Dilma (o que poderá lhe custar caro tempos à frente) e a Casagrande de forma explícita.

O que me deixa curioso é a ausência em sua campanha daqueles que são correligionários e amigos de Luiz Paulo e trabalharam – alguns ainda trabalham - no governo Hartung. Isso daria mais legitimidade e materialidade à sua tese de continuidade do lado bom do governo. Muitos, inclusive, são de sua época na Administração de Vitória. Depoimentos em seu programa de TV, caminhadas em caravanas pelo interior trariam bons resultados. Mas, por algum motivo, ou vários, Luiz Paulo usou outros argumentos. E uma maneira de perder um bom argumento, no caso a inoperância do PT, é exagerar em seu uso. Como os Kamikazes, em nome da pátria.

Além disso, o PT, se continuar assim, poderá morrer por autofagia.