Sunday, November 22, 2009

Dylan na praia




Que bom ver a Praia da Costa esse domingo. Colorida, cheia de gente, barulho das ondas, amarelo da areia limpa, azul esverdeado da água também limpa. De uma ponta a outra, pessoas se misturam, dividem espaços sem distinção de renda, de cor, de sexo, de etnia, de idade. De nada, enfim. Apenas a velocidade é distinta. Alguns correm, outros andam; alguns nadam, outros mergulham, Alguns sentam e lêem, outros praticam esporte. Alguns paqueram, outros namoram e vários outros curtem seus filhos e filhas. Um domingo de sol, um domingo bem brasileiro. Ambulantes circulam entre os banhistas como se fossem um Shopping Center móvel. Picolés, cocos, óculos de sol, bebidas, biscoitos, queijinhos, bronzeadores em saquinhos plásticos e até mate pingado com limonada. Uma festa tropical. Claro, DVD pirata também.
Em uma parte ampla, crianças de escolas municipais praticam esportes de forma organizada, em um projeto chamado Jovvem – Jogos olímpicos de Vila Velha escolas municipais. Uniformizados, com uma estrutura de apoio muito boa, têm seus dias de “celebridade”. Seus dias de festa, com sol e mar. Outros espaços, também organizados abrigam o frescobol, o vôlei, o beach tennis, o futevôlei e o futebol de areia. Saudáveis, divertidos e integradores esses esportes vencem o estresse da semana dura de trabalho ou estudo. Alguns quiosques, nas calçadas, atendem àqueles que buscam algo para comer e beber. Ou mesmo, tomar apenas uma água de côco e curtir a paisagem, tanto natural quanto humana, já que os chuveirinhos estão por perto.
Alem disso, dessa massa humana, a Praia da Costa ainda tem vegetação de restinga em algumas partes. Há que se lutar para preservá-la, mantendo o verde-amarelo visto de cima. Novos containeres para captação de lixo dos quiosques e guardas de transito para evitar estacionamentos indevidos completam o desenho dessa nação dominical. É possível vir de ônibus, bicicleta ou taxi, para os mais exigentes. O que não é possível é inviabilizar a fluidez da circulação litorânea, estacionando de qualquer maneira. Estacionamento é algo que se pode proibir em certos locais.
Mas, querer acabar com ambulantes, quiosques e esportes nas praias, como se aqui fosse uma praia européia ou Fort Lauderdale nos EUA é síndrome de subdesenvolvidos. Essa é a nossa cultura, rica, variada, festiva. Disciplinar sua existência sim, mas eliminá-la não. E também não adianta vir com disciplinas estrangeiras, engessadas, aprisionantes, pois não serão adequadas. Temos que ser criativos. Conheço inúmeras das melhores praias do mundo e vi em cada uma o traço de seu país, de sua gente, de seus hábitos e de seus costumes. Nosso caso não é acabar com a “bagunça”. É fazer com que essa “baguncinha do brasileiro da gema” se organize de forma a minimizar seus impactos negativos. A praia ainda é o melhor exemplo de um Brasil que dá certo, pratica esporte, convive harmoniosamente, gera renda e se faz feliz. Pelo menos até a segunda-feira chegar. Invertendo a frase de Dylan, “let me forget about tomorrow until today”

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