Preliminarmente, é importante frisar que nenhum cidadão capixaba tem razão lógica para odiar a Vale enquanto empresa em si. O que muitos sentem, e com razão, é a raiva de ter que conviver com o pó preto emanado de sua atividade operacional que tanto inferniza a vida das pessoas em sua área de impacto espacial. Há décadas, sofremos com a inalação implacável, diuturna, das partículas minério ou carvão em suspensão ou a contaminação das correntes marinhas que passam por seu porto e inundam o litoral da Grande Vitória. Varandas, pátios e áreas abertas em geral ficam impregnadas desse pó preto.
O pintor e artista plástico canela-verde Kleber Galveas registra essa poluição em um quadro branco faz tempo e ela é impressionante. Mas o problema maior está no que não vemos diariamente: os pulmões e o organismo dos capixabas. Partículas de amianto causam cancer e com isso muitos países proibem o uso de telhas que tenham por base esse material. Aqui no Brasil muito conhecidas como “Eternit" uma subliminar ilusão a algo eterno. Nosso país precisa ser mais firme, mais incisivo, como agora em que a Justiça Federal toma ações enérgicas contra a profusão impune do pó preto. A maior exportadora de minério do mundo deve ter recursos financeiros e acesso à tecnologia necessários para resolver a questão.

Com a erradicação dos cafezais em nosso estado, a Vale foi um bálsamo, salvando centenas de pessoas desempregadas no interior. Porém, isso teria um preço alto: a poluição crescente, trazendo doenças, poluição marinha e habitacional. Decorrente, em grande parte, pela inércia da empresa em enfrentar esse problema com a ênfase e a intensidade necessárias. Agora, por força de lei terá que assim proceder.
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